Galeria de Arte AFK
Manipulação Fotoquímica
Conceitos da Nova Visão e Fotografia Surrealista
(curso teórico)

Man Ray, Glass Tears, 1932
Introdução
No século XX, o surrealismo francês e o construtivismo russo foram os expoentes máximos da ruptura com o dogma fotográfico purista de “verosimilhança”.
Man Ray e Moholy-Nagy ocuparam posições preponderantes nesse âmbito. O primeiro consagrou a manipulação dos componentes específicos do medium como vocabulário formal nas estratégias de produção surrealista. Moholy-Nagy elegeu o fotograma como paradigma da configuração abstracta da luz, numa estética essencialmente pedagógica que teve como função “ampliar” a percepção visual.
São esses conceitos e técnicas que procuramos compreender.
Conteúdos/Objectivos
I. Os conceitos e a técnica/metodologia “purista”. O paradigma da formação da imagem verosímil: equilíbrio/compromisso do grau de contraste com o detalhe nas altas e baixas luzes. A ruptura com o formalismo “directo” e as concepções estéticas stieglitzianas “puras”.
II. As Vanguardas artísticas e a Fotografia.
II.a. As relações singulares da fotografia “directa” com o Surrealismo e o Construtivismo.
III. As montagens de Max Ernst e o “Belo” de Lautréamont.
III.a As imagens percursoras surrealistas: as associações díspares.
III.b. Man Ray -L´ énigme d´Isidore Ducasse. “Beau comme la reecontre fortuite, sur une table de dissection, d´une machine à coudré et d´un parapluie”
IV. André Breton e a Beleza Convulsiva.
V. Bataille e o conceito de “informe” na fotografia surrealista.
Duração / Horário das sessões / Número de participantes
Duração do curso: 6 h (3 sessões de 2 h).
Sábados: 18-20h
Número de participantes: 6 - 8
Preço
200 Euros
Horário e Inscrições: contactar AFK por e-mail ( galeriaafk@gmail.com ) ou telefone 351 919046376
Resumo I
Manipulação Fotoquímica - Conceitos da Nova Visão e Fotografia Surrealista (curso teórico)
O curso procura examinar os fundamentos das novas representações estéticas ou “anti estéticas” da Fotografia Moderna. Abordamos os conceitos e as principais correntes, focando um conjunto de questões que caracterizaram formal e conceptualmente a representação da imagem fotográfica “manipulada”. A primeira abordagem, realiza-se através da representação que se lhe opõe: a “fotografia directa” e a doutrina “pura”. Portanto, as propostas de índole prática, estética e teórica, são analisadas em confronto com a ideia de “tradução” do mundo visível, com os procedimentos interpretados como específicos e os conceitos classificados como “verosímeis”. Deste modo, considerando os fundamentos das novas configurações, e segundo uma concepção interpretativa formalista, definimos o conceito de "manipulação da imagem fotográfica" e as relações singulares estabelecidas com as vanguardas, sobretudo com o surrealismo e construtivismo; a manipulação como meio de expressão e como “subversiva” dos modelos de representação analógicos.
Nestas rupturas com o modelo de representação da camera obscura; a pluralidade do espaço de representação que marcou a arte e a fotografia moderna e a “desconstrução” fotográfica da perspectiva linear, o fundamento óptico do medium herdeiro das tradições relacionadas com a história da pintura, conhecemos os desenvolvimentos relacionados directa ou indirectamente com as vanguardas. Nestes vínculos, procuramos examinar a manipulação dos recursos intrínsecos ao meio e a manipulação “material” da imagem, que manifestaram a ruptura com a totalidade homogénea do espaço de representação. Observamos individualmente, dois casos particulares: as concepções de representação espacial na fotomontagem dadaísta e surrealista, que caracterizam a incongruência inverosímil ou verosímil da sobreposição e/ou justaposição e, por último, a prática fotogramática e consequente ruptura da mediação do dispositivo óptico, imperativo nas concepções de Moholy-Nagy na definição do programa da Nova Visão.
No âmbito do surrealismo, averiguamos as relações da primeira metáfora poética do movimento – o “encontro” de Lautréamont – com as fotocolagens de Max Ernst e o primeiro álbum de fotogramas (rayografias) de Man Ray, Champs Délicieux. Nas análises subsequentes, procuramos examinar as estratégias formais e conceitos da fotografia surrealista, enquanto manipulação ao serviço do imaginário, assim como as relações de conformidade ou desconformidade com as práticas e fundamentos da nova visão construtivista. E, finalmente, analisando o pensamento de Rosalind Krauss, a possível unidade nas estratégias de produção da fotografia surrealista, segundo o conceito de “informe” de Georges Bataille.
BIBLIOGRAFIA